quarta-feira, 21 de outubro de 2009

[64] Deus escreve direito por linhas tortas

Temos que reconhecer, estamos todos enganados, eu próprio, ou seja, o Portugal Observer, o 31 da Armada, o Blasfémias, o Portugal dos Pequeninos, o Quarta República e mais trezentos e cinquenta e quatro mil e oitenta blogues, que sovaram no nosso irmão José Saramago. Realmente, Deus escreve direito por linhas tortas e com prazer, confunde os sábios e os entendidos.

Digo isto, porque Sua Santidade o Papa Bento XVI, numa abertura extraordinária no seu pontificado, com a aceitação de padres anglicanos casados e que querem unir-se à Igreja Católica, deixando em desvario, por um lado, Isabel II, rainha do Reino Unido e da Igreja Anglicana, por força das diabruras do seu antecessor Henrique VIII e por outro lado, os padres católicos que deixaram a comunhão da igreja, para casar e agora são enviados em troca, para terras de Sua Majestade, a fim de saberem, que é para aprenderem como são turtuosos os caminhos da igreja.

Nesta abertura extraordinária, Bento XVI, acaba de fazer editar através da Libreria Editrice Vaticana, que em português se conhece como Editora da Casa Pontifícia Vaticana dos Maus Costumes, com sede no Vaticano, Roma, Lazio, Itália, Europa, Terra, Universo, uma exortação apostólica, dedicada aos comunistas e ateus da mártir terra lusitana, com o título "A CONVERSÃO DE UM COMUNISTA", também em relação, porque associada, aos 2000 anos da Conversão de São Paulo, o apóstolo que ouviu Jesus perguntar-lhe "Saramago, Saramago, porque me persegues?".

Esta exortação de Bento XVI, que estará à venda numa qualquer livraria, bem longe de si, a partir do dia 33 de Outubro deste ano, estará editada na língua portuguesa, sueca (para o rei sueco, que consagrou Saramago com um Nobel, ler e se converter também ao mundo católico) e por fim, na bela língua da igreja, o latim, que quem não sabe, fica assim.



O Portugal Observer já recebeu um exemplar desta obra prima do Papa Ratzinger, e edita além da capa do livro, o texto de abertura e que reza assim:

CARTA DO PAPA BENTO XVI
AOS COMUNISTAS E ATEUS DA MÁRTIR TERRA LUSITANA
SOBRE A CONVERSÃO DE JOSÉ SARAMAGO
À LUZ DOS DOIS MIL ANOS DA CONVERSÃO DO APÓSTOLO PAULO

Caríssimos

"Permanecei, portanto, firmes: cingidos com a cinta da verdade, vestidos com a couraça da justiça, os pés calçados com o zelo para propagar o evangelho da paz" (Ef 6, 14-15). Com estas palavras do Apóstolo Paulo, é-me grato saudar os comunistas e ateus da mártir terra lusitana, e com esta exortação, dedicada ao tema: "A Palavra de Deus fonte de reconciliação, de justiça e de paz". A Bíblia constitui sempre uma oportunidade privilegiada para que os povos, todos os homens de boa vontade, comunistas ou ateus, residentes na terra lusa ou em Lanzarote, ouçam e meditem em conjunto a Palavra de Deus e renovem o seu serviço à Igreja, chamada a proclamar o Evangelho da paz.

Por isso, é-me grato, alegrar-me junto convosco, pela conversão a Deus e à Igreja Católica, do vosso irmão Saramago, nascido no seio da terra ribatejana e lusitana, floresceu com uma foice na mão e sem cultura e se tornou num temível perseguidor de Deus e dos cristãos já quando homem. Por isso, ainda mais me alegro, que depois de um percurso de vida trauliteiro, o vosso José, não o Policarpo, - que me quer suceder na cadeira papal-, mas o nosso venerando Saramago, se acaba de converter tarde e a más horas, agora que fechamos e não voltamos a abrir, os festejos do ano Paulino.

A cristandade é a religião da Palavra de Deus, e "não uma palavra escrita e muda, mas encarnada e viva" (São Bernardo, S. Missus est 4, 11 PL 183, 86). Somente Cristo, a Palavra eterna do Deus vivo, que através do Espírito Santo pode abrir a nossa mente à compreensão das Escrituras (cf. Lc 24, 15; Catecismo, n. 108). Por conseguinte, encorajo-vos calorosamente não apenas a continuar a tornar conhecida a profunda relevância das Escrituras para a experiência contemporânea dos católicos, e de modo particular para as gerações mais jovens, mas também a levá-los a interpretá-las a partir da perspectiva central de Cristo e do seu mistério pascal. A comunidade dos fiéis pode ser um fermento de reconciliação, mas só se "permanecer dócil ao Espírito e der testemunho do Evangelho, se carregar a Cruz como Jesus e com Jesus" (Homilia na Solenidade do Pentecostes, 11 de Maio de 2008). A este propósito, desejo fazer minha uma reflexão do Servo de Deus, Papa João Paulo II, que se interrogava: "Como anunciar o Evangelho da reconciliação sem, contemporaneamente, se empenhar a agir pela reconciliação dos cristãos?" (Ut unum sint, 98). Permiti que esta observação encontre espaço também nas vossas actividades destes dias, agora que estais livres de eleições, porque outro José, continuará a governar o vosso belo país. Possam os vossos corações ser sempre orientados pelo bem, no poder unificador da Palavra de Deus, que se encontra na Bíblia, e é um bom costume lermos a mesma, sempre.

Enquanto confio que me recebais bem em Maio próximo, e esperando encontrar-me com o nosso fiel José Saramago aí no vosso querido país, envio ao secretário-geral do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, assim como ao querido líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que são aqueles que precisam mais das minhas orações, assim como a todos os comunistas, ateus, ex-comunistas, maoístas, marxistas, leninistas, proletários portugueses e aqueles que se encontram congregados noutros partidos da direita, como José Pacheco Pereira, que fala e aparece mais na televisão do que eu, concedo do íntimo do coração a minha Bênção Apostólica.

Dado na Cidade do Vaticano, 33 de Outubro de 2099, festa da conversão de São Saramago, nonagésimo ano do meu pontificado.

BENEDICTUS PP XVI

imprimatur

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