sexta-feira, 9 de outubro de 2009

[45] Tantas saudades

Hoje deu-me para falar daquilo para que nasci, os comboios. Aqui está o percurso que fiz em 1986, em comboio pela Europa fora, com um InterRail no bolso. Venham comigo, fazer esta viagem.




De Porto Campanhã para Pampilhosa, depois pela Beira Alta até Vilar Formoso, chega Salamanca, Medina del Campo, Valladolid, Burgos, Vitoria no País Basco, San Sebastián que em basco se diz Donostia, a seguir veio Irún e Hendaye, depois Dax e Bordeaux a seguir, depois veio Poitiers e Saint-Pierre-des-Corps, depois Les Aubrais e eis que chego a Paris Gare d'Austerlitz a bordo do Sud Express com 18 carruagens. A seguir lá fui de autocarro até à outra (de 6 enormes terminais) grande estação de Paris, a do Nord, que liga a capital ao norte da França. Lá parti em direcção a Calais, depois de passar por Amiens e Boulogne. Já em Calais, apanho o ferry da SNCF e saio em Dover Western Docks e dai sigo para a capital inglesa. No dia seguinte, depois de me hospedar em casa de uma minha tia, residente em Londres, parto em direcção ao norte, pela estação londrina de King's Cross e passo por Peterborough, Doncaster e chego a York. Aqui, não me apetece seguir para norte e viro para o oeste e parto para a terra dos Beatles, Liverpool, sem não antes passar pela cidade que vibrou com Cristiano Ronaldo, Manchester.

Começa a chegar o dia ao fim e eis que regresso a Londres, agora pelo corredor de Glasgow, passando pro Crewe e Milton Keynes Central e chego à estação londrina de Euston. No dia seguinte, vou a Cardiff, partindo de PAddington e volto na mesma manhã a Londres e de tarde faço uma excepção à viagem que era ferroviária e vou conhecer o majestoso e impressionante aeroporto de Londres Heathrow, aquele que regista mais movimentos de voos internacionais no mundo inteiro. Estou quase a despedir-me de terras de Sua Majestade e de Londres despeço-me da minha tia e lá vou em direcção à porta de saída do reino, que é Dover, mas na vez de ir para a França, decidi ir para a Bélgica, lá foram então 4 horas de barco em pleno mar do Norte crispado como o caraças e eu que enjoo. Mal ponho os pés em terra, logo fico cheio de alegria, porque vejo um comboio à minha frente e então vou de Oostende para a cidade onde está Durão Barroso, ou seja, Bruxelas, sem antes passar por Gent. Já na capital belga, parto para o Luxemburgo e apanho o Italia Express, passo por Namur e chego ao Luxembourg. Já a meio da madrugada parto para Strasbourg, passando por Thionville. Na capital da Alsácia, apanho o rápido que vem de Viena e parto em direcção à capital francesa, passando por Nancy e eis que chego à estação de Paris Gare d'Est.

É o dia dos meus 26 anos e como prenda, vou viajar pela primeira vez a bordo do TGV entre Paris Gare de Lyon e Lyon Perrache, mas antes de começar a efectuar este trajecto, recebi outra prenda, um larápio roubou-me a carteira, e lá se foram os francos e o bilhete de identidade, além dos códigos das armas nucleares dos americanos e russos, que camuflados também estavam na minha carteira de pele de plástico ordinário. Em Lyon, telefonei à minha saudosa mãe, dizendo-lhe que tudo corria às mil maravilhas e de facto isso era verdade. Sem francos, mas com o resto do dinheiro bem guardado e com o passe InterRail na mão, lá parto em direcção ao sul da França que quero conhecer e lá vou por Montélimar, Valence, Avignou, Carcassonne, Toulouse e já de madrugada chego a Lourdes. Vou visitar o santuário que a par de Fátima, são os mais importantes em termos de Mariologia católica. Regresso a Toulouse e parto para Paris, mas agora pela linha do Capitole du Soir e eis que vou por Brive e Limoges.

No dia seguinte, vou a outra grande estação de Paris a de Montparnasse e parto em direcção a Le Mans, chego lá, e volta para trás, para Paris, pois quero ir ao país das vacas de 4 patas e das de 2 pernas, onde só se vê flores, moinhos e canais, que é a Holanda. Saio então de Paris Gare du Nord, passo por Compiégne e chego a Bruxelas, depois vou por Antwerp, Rotterdam e chego a Amsterdam. Daqui parto para a Alemanha, e chego a Köln Hbf, depois de passar por Duisburg e Dusseldorf. Apanho um InterCity e vou para a capital da Baviera, Munique, depois de passar pela antiga capital alemã, Bona, Mannheim e Stuttgart. Como me lembro de em Munique, antes de partir para Itália, ter ido ao bar da estação e esquisito como sou com as minhas sopas, nada me agrada e eis que me agarro a 1 quilo de bananas, foi o meu jantar e que bem me soube, não tive fome durante mais algumas horas. Apanho o comboio que de Munique vai para Roma e pretendo sair a meio da noite na bela cidade de Innsbruck, já na Áustria, mas cansado que estava deste meu desvario, adormeço e quando acordo, vejo uma bela italiana à minha frente, acabando de se vestir e quando olho pela janela, vejo ainda com os olhos trocados, a bela cidade de Verona, na Itália. Mas que raio, deixo a italiana a chorar no compartimento e eis que saio do comboio e volta para trás, quem te mandou Luís, desrespeitar o plano de viagem, que é para ser cumprido religiosamente, e lá voltei para Innsbruck, via Trento, onde os papas me acenaram e passo pelo espectacular Brenner.

Estando em Innsbruck, parto então em direcção a Zürich, passando por toda esta zona esplêndida dos alpes austríacos. Já em Zürich, parto então para Itália, passando pelo mítico Saint-Gothard e chego a Milano, depois passo por Bologna, Firenze e chego a Roma, stazione Termini. Calor infernal e melodias italianas estão sempre no meu ouvido. Para mim, la bella Itália é dos países mais belos e com melhor música para se escutar. Bom, chega de má vida e eis que vou rezar e parto em direcção à Cittá del Vaticano onde sou recebido em audiência privada por Sua Santidade o Papa João Paulo II, que se encontrava de visita à América Latina. Lá desci à tumba dos papas que já morreram, como Paulo VI que os meus pais viram em Fátima (13 de Maio de 1967, aquando dos 50 anos das aparições), como do papa Giovanni (João XXIII) entre outros, sem antes ajoelhar e rezar no túmulo de São Pedro. Estou em Roma, e parto para Espanha, vamos lá então, passo por Pisa e tento colocar na vertical a Torre de Pisa, em vão, vai ficar assim para sempre, passo por Génova, depois por San Remo e ouço Al Bano e Romina Power, cantar belas canções e chego à fronteira de Ventimiglia, depois vou para o Mónaco e vou visitar as tendas da Chanel, Yves Saint-Laurent, que fazem esquina com a minha loja de artefactos.

Lá tenho que deixar tudo e sigo para Marseille, Avignon, e chego à fronteira de PortBou, vou a Figueres, terra do mítico Salvador Dali e chego à Barcelona de Luís Figo, na Catalunha. Daqui apanho o Talgo e vou para Madrid, passo por Zaragoza e Guadalajara, chegando à terminal de Chamartín. Dirijo-me para a outra terminal madrilena Atocha e daqui apanho o Lusitânia com destino a um país mal amanhado e que se chama Portugal, este comboio que vai para Lisboa, leva-me até Abrantes onde saio e daqui subo pela Linha da Beira Baixa em direcção à Covilhã, passando pelo Fratel, Castelo Branco, Alcains, terra de Eanes, Donas, terra de Guterres, Fundão e por fim, Covilhã terra de José Sócrates Pinto de Sousa.

Desta bela cidade serrana vou para a vila do Barco e aí descanso alguns dias na casa do meu tio e junto com a minha mãe e depois do descanso, vou à Covilhã, apanho o comboio, passo pela Guarda, por Pinhel, por Mangualde, por Alcafache, por Nelas, por Santa Comba Dão, terra de Salazar, pelo Luso-Buçaco e Pampilhosa, depois sigo para norte, Curia, Aveiro, Ovar, Espinho, Gaia, Ponte Maria Pia e eis que chego a Porto Campanhã, ponto de partida do meu interrail, que me levou a uma odisseia inesquecível de milhares de quilómetros. Mas que saudades eu tenho.

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